Fichamento 1


VALENTE, José Armando; ALMEIDA, Fernando José de Almeida. Visão analítica da informática na educação no Brasil: a questão da formação do professor. Revista Brasileira de Informática na Educação n.1, setembro de 1997. p. 45-60.

Fichamento 1
O autor inicia o texto relatando a história da informática na educação no Brasil, “nasceu no início dos anos 70 a partir de algumas experiências na UFRJ, UFRGS e UNICAMP. Nos anos 80 se estabeleceu através de diversas atividades que permitiram que essa área hoje tenha uma identidade própria, raízes sólidas e relativa maturidade. [...] A Informática na Educação ainda não impregnou as ideias dos educadores e, por isto, não está consolidada no nosso sistema educacional.” (p.1)
A influência de outros países no desenvolvimento da informática na educação brasileira
“A Informática na Educação no Brasil nasce a partir do interesse de educadores de algumas universidades brasileiras motivados pelo que já vinha acontecendo em outros países como nos Estados Unidos da América e na França. [...] no Brasil, a nossa caminhada é muito particular e difere daquilo que se faz em outros países.” (p.2)
Informática na educação nos Estados Unidos da América
“Nos Estados Unidos, o uso de computadores na educação é completamente descentralizado e independente das decisões governamentais.” (p.2) Nos anos 70 os recursos utilizados no sistema educacional dos EUA era semelhante aos usados pelos brasileiros, onde existia quadro –negro e giz; raros eram os casos de computadores nas escolas, apenas nos anos 80 que houve uma grande disseminação dos microcomputadores nas escolas.
“A proliferação dos microcomputadores, no início da década de 90, permitiu o uso do computador em todos nos níveis da educação americana. [...] A mudança pedagógica, ainda que muito lenta, foi motivada pelo avanço tecnológico e não por iniciativa do setor educacional.” (p.4)
“Nos Estados Unidos os professores foram treinados sobre as técnicas de uso do software educativos em sala de aula ao invés de participarem de um profundo processo de formação.” São poucas escolar nos EUA que “sabem explorar as potencialidades do computador e sabem criar ambientes que enfatizam a aprendizagem.” (p.5)
Informática na educação na França
[...] a França foi o primeiro país ocidental que programou-se como nação para enfrentar e vencer o desafio da informática na educação e servir de modelo para o mundo. A perda da hegemonia cultural/econômica para os Estados Unidos “levou os políticos franceses a buscarem essa hegemonia através do domínio da essência da produção, transporte e manipulação das informações encontradas na informática.” (p.5)
O programa de informática francês tinha como objetivo preparar o aluno ara ser capaz de usar as tecnologias da informática, com os objetivos de possuir domínio técnico do uso do software e a integração de ferramentas computacionais ao processo pedagógico.
“O uso das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação impõe mudanças nos métodos de trabalho dos professores, gerando modificações no funcionamento das instituições e no sistema educativo.” (p.8)
As bases para a informática na educação no Brasil
O uso do computador no Brasil (e em outro países) teve início na década de 70 com algumas experiências em universidades. [...] “a implantação do programa de informática na educação no Brasil inicia-se com o primeiro e segundo Seminário Nacional de Informática em Educação (1981 e 1982) [...] a primeira grande diferença do programa brasileiro em relação aos outros países, como França e Estados Unidos, é a questão da descentralização das políticas. [...]A segunda diferença é a questão da fundamentação das políticas e propostas pedagógicas da informática na educação. [...] A terceira diferença é a proposta pedagógica e o papel que o computador deve desempenhar no processo educacional.” (p.8-9)
Formação de professores em informática na educação
“Essa formação tem sido feita através de cursos que requerem a presença continuada do professor em formação. Isso significa que o professor em formação deve deixar sua prática pedagógica ou compartilhar essa atividade com as demais exigidas pelos cursos de formação.” (p.10)
“O FORMAR I e o FORMAR II apresentaram diversos pontos positivos. [...] preparação de profissionais da educação, [...] disseminação e a formação de novos profissionais na área de informática na educação. [...] diferentes aspectos envolvidos na informática na educação, tanto do ponto de vista computacional quanto pedagógico.[...] conhecimento dos múltiplos e variados tipos de pesquisa e de trabalho que estavam sendo realizados em informática na educação no país.” (p.10)
A formação de professores é fundamental para implementar o uso de computadores nas escolas, exigindo, por exemplo, que assuntos que sejam “escolhidos pelos professores de acordo com o currículo e a abordagem pedagógica adotadas pela sua escola. [...] cursos devem estar desvinculados da estrutura de cursos de especialização” (p.11), entre outros.
Evolução do computador no Brasil e as implicações na formação de professores
Os primeiros microcomputadores utilizados nas universidades do Brasil eram produzidos pela Itautec. Já os computadores adotados pelas escolas brasileiras foi o MSX até meados de 1994, quando apareceu o sistema Windows para o PC. “O Windows possibilitou o desenvolvimento de inúmeros programas para praticamente todas as áreas. [...] Certamente o Logo ainda se mantém como possibilidade para o aluno programar o computador e aprender através do ciclo descrição-execução-reflexão-depuração” (p.13), mas surgiram diversos ambientes de aprendizagem usando o computador.
“[...] os professores não têm uma compreensão mais profunda do conteúdo que ministram e essa dificuldade impede o desenvolvimento de atividades que integram o computador. [...] a questão da formação do professor mostra-se de fundamental importância no processo de introdução da informática na educação, exigindo soluções inovadoras e novas abordagens que fundamentem os cursos de formação.” (p.13)
Conclusões
“Em diferentes países a introdução de computadores nas escolas não produziu o sucesso esperado. [...] As práticas pedagógicas inovadoras acontecem quando as instituições se propõem a repensar e a transformar a sua estrutura cristalizada em uma estrutura flexível, dinâmica e articuladora.” (p.14)
No Brasil, os grandes obstáculos a serem vencidos no uso do computador na educação são: a falta de equipamento nas escolas, um maior empenho na introdução da informática na educação e a defasagem no processo de formação de professores, muitas vezes, frágil e lento.
“A formação do professor deve prover condições para que ele construa conhecimento sobre as técnicas computacionais, entenda por que e como integrar o computador na sua prática pedagógica e seja capaz de superar barreiras de ordem administrativa e pedagógica. [...]recontextualizar o aprendizado e a experiência vividas durante a sua formação para a sua realidade de sala dez aula compatibilizando as necessidades de seus alunos e os objetivos pedagógicos que se dispõe a atingir.” (p.15)

Considerações
O artigo aborda de forma clara e objetiva, questões fundamentais para compreendermos todo o processo do uso do computador na educação. Desde a falta de formação profissional dos professores, até o computador como recurso facilitador do processo de aprendizagem.
Pude aprender diversos conceitos enriquecedores e acredito que a história da evolução do computador no Brasil é essencial para se compreender as dificuldades de incorporar novas tecnologias nas escolas. E por ser tratar de um tema muitas vezes desconhecido por grande parte da população, ainda hoje em dia, muitas pessoas não sabem utilizá-lo.
Verifiquei que um dos grandes obstáculos a serem vencidos, para conseguir implementar de forma eficaz o uso dos computadores na educação, é o de garantir a todos os indivíduos, principalmente aos alunos e professores, o acesso à informação e ao uso da informática.
Conforme discutido pelos autores, precisamos repensar questões como o papel do professor mediante o aluno. O professor deve realizar mudanças pedagógicas e seja o facilitador do processo de aprendizagem.
Mas atualmente o que vemos é o professor como o responsável pela utilização do computador, não permitindo que os alunos tornem-se construtores ativos do seu conhecimento. Dessa forma, é essencial aperfeiçoar a formação desses profissionais, para que eles possam desenvolver, ensinar e avaliar ações e projetos que visem solucionar, aplicar e melhorar as tecnologias da informação e comunicação na educação. O professor é (deve ser) a ponte. A ponte entre o conhecimento e a aprendizagem.

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